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Resenhas sobre “A valentia das personagens secundárias”

Ao abrir “A valentia das personagens secundárias”, me deparei com o nome de uma cidade que achei lindo: Flores do Mato Longe. E a cada página foi surgindo um nome mais bonito do que o outro, mais inventado do que o outro, mais “infantil” (no bom sentido) que o outro. Não sei onde Stella conseguiu essa alma de criança que não se envergonha de ser criança, que nunca envelhece, essa coragem de abraçar a oralidade de uma maneira tão íntima, tão próxima. É uma história leve e bonita. Leve, mas cheia de camadas e quem quiser ir mais fundo é só pôr reparo e cavoucar mais um pouco. A leveza é aparente e a autora deixa a decisão por conta do leitor. O tema central é um encontro de família no interior de Minas, durante a Festa do Rosário de Nossa Senhora. Uma tragédia teria ocorrido em 1961 e dois irmãos, Reginaldo e Fabiano, resolvem gravar um documentário em que cada membro da família é entrevistado separadamente. Avós, tios, primos, irmãos, todos falam sobre suas “valentias” – a força de cada um para enfrentar a dureza e as dificuldades da vida. Gostei especialmente desse trechinho: “Seja dentro deste casarão, seja entre as cantorias e as rezas nas ruas e casas, cada um tem seus sentimentos, seu modo de conduzir ou se deixar levar. Cada um tem sua maneira de sobreviver. Uns acreditam em Nossa Senhora do Rosário, outros só acreditam no próprio esforço. E tem aqueles que acreditam em nada, vivem desanimados e cabisbaixos. De um modo ou de outro, estamos todos desconfortáveis. Mas concordamos em estar juntos e isso é tocante”. Que beleza de escrita, que frescor inesperado! Gostei muito mesmo, querida Stella, parabéns por mais essa obra tão original e tão novidadeira.

Rosângela Vieira Rocha, escritora | Facebook, novembro de 2019

 
Não costumo comentar obras que leio, mas algumas delas são tão intensas que nos transbordam. Coragem é a palavra que escolhi para resumir esse novo livro da Stella. Durante a leitura, essa palavra me vinha o tempo todo. Coragem de desvelar-se, tragando-nos pra essa narrativa que me lembrava Raduan Nassar com a sua Lavoura Arcaica. “Família é celeiro de rancores”, mas é também terreno de aprendizagem, amadurecimento e amparo. Acompanhar a trajetória dessa escritora mineira premiada é um prazer. Lê-la, uma aventura surpreendente.

Cristiane Santos, especialista em literatura infantil e juvenil | Facebook, novembro de 2019

 
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